A história do bairro do Itaim Bibi
É consenso afirmar que a história do bairro do Itaim Bibi começa em 1896 com a aquisição, por parte do General José Vieira Couto de Magalhães, de una extensão de 120 alqueires na região atualmente conhecida como Itaim Bibi. A propriedade, que pertencia a Bento Ribeiro dos Santo Camargo, era de terras varzeanas, de pouco valor: além de inundáveis, eram consideradas insalubres. Sua função principal era recreativa, para caçar e pescar. As árvores frutíferas, principalmente jabuticabeiras, abasteciam a mesa dos proprietários.
Embora jamais tenha se casado, teve um filho com uma índia do Pará, batizado como José Couto de Magalhães, "o Mameluco". O filho do General apreciava muito a região, e construiu diversas benfeitorias, mas sua morte prematura o impediu de realizar todas as obras que desejava.
Um dos irmãos do General, o Dr. Leopoldo Couto de Magalhães, consolidou a ocupação definitiva da Chácara, adquirindo as terras em 1907 por 30 contos de réis e fixando residência com sua família. As terras permaneceram sob controle dos Couto de Magalhães até 1916, quando após o falecimento do Dr. Leopoldo a Chácara foi retalhada entre seus herdeiros, como segue:
1. Galileu Galilei Couto de Magalhães, que ficou
com oito quadras no valor de 62:564$873.
2. Leopoldo Couto de Magalhães Jr. (conhecido como "Bibi", por causa
do hábito de usar boné de bico), que ficou com uma quadra no valor de
62:564$213.
3. Zulmira Machado que ficou com 5 quadras no valor de 29:730$070.
4. Adolfo Rodrigues e sra., que ficou com 5 quadras no valor de 40:000$800.
5. Maria Amália de Magalhães Fleury, que ficou com 10 quadras no valor de
75:305$784.
6. Antônio Carlos Couto de Magalhães, que ficou com 24 quadras no valor de
62:428$000.
7. Salvatori e Antônio Rodrigues que ficaram com 23 quadras no valor de
45:700$029.
A venda de lotes por parte destes herdeiros permitiu a instalação de moradores
estranhos ao clã Couto de Magalhães. As primeiras ruas do bairro surgiram
entre 1910 e 1920, como passagens entre as pequenas chácaras de um hectare
vendidas a imigrantes italianos e portugueses, principalmente moradores do
bairro do Bexiga.
Os proprietários das primeiras chácaras eram:
João Inácio de Mendonça, cujas terras iam da
av. São Gabriel à rua Brasília;
Salvatore Laspina, comprou terras na rua Renato Paes de Barros;
Salvatore Romeu, da rua Bandeira Paulista à rua Urussuí;
Santo Patané, da rua João Cachoeira até a rua Luís Dias;
Leonardo Masumece, mais conhecido como "Cabrero", tinha uma chácara
que ia da rua Luís Dias à Clodomiro Amazonas;
Antônio Aguiar comprou a Chácara das Pêras, na rua Prof. Atílio Innocenti,
com 220 mts. de frente para a rua Leopoldo Couto de Magalhães, indo além da
rua Clodomiro Amazonas;
Inácio Estrano ficou com a área da rua Renato Paes de Barros com Santo Amaro;
Na rua da Ponte (atua Rua Clodomiro Amazonas) estabeleceram-se as famílias que
criavam vacas, os Parrilos;
O Sr. Jacinto Barbosa, na área hoje ocupada pelo Hipermercado Extra;
A chácara d D. Candinha ficava onde hoje é a E.E.P.G. Aristides de Castro;
O Sr. Ferreira, que fornecia leite, tinha chácara onde está localizado o
Colégio das Carmelitas, N.S. do Carmo;
Salvador Bauleo, teve chácara de flores, onde se encontra o Hipermercado Extra;
A chácara do Sr. Aguiar ficava entre as ruas Atílio Innocenti e Leopoldo Couto
de Magalhães, onde se encontra a Escola Bem-me-quer;
A chácara da família Calli (rua Bandeira Paulista até Juscelino Kubitschek),
ficava na rua Itapera.
As chácaras produziam verduras -comercializadas pelos próprios chacareiros- para o abastecimento local e dos bairros vizinhos. A procura por leite fresco também era muito grande, e logo surgiram intermediários que a compravam do produtor e a distribuíam em domicílio.
A ocupação da parte da várzea próxima ao Rio Pinheiros, vai se prender às atividades exercidas pelos barqueiros , pelos portos de areia e pelas olarias.
A Várzea
Às margens do Rio Pinheiros estendia-se um imenso capinzal. O Rio era fonte de três atividades: a retirada de areia (feita em barcaças de até 11m de comprimento), os portos de areia e olarias, que forneciam areia, tijolos e telhas para as construções.
A enchente
Como conseqüência da histórica enchente de 1929 o trabalho dos barqueiros ficou paralisado durante três meses, os trilhos do bonde foram arrancados, e inúmeras casas foram destruídas.
A "The São Paulo Tramway Light and Power Company Ltd"., que foi autorizada pela lei estadual nº 2.249 de 27 de novembro de 1927, "a canalizar, alargar e retificar, aprofundar os leitos dos rios Pinheiros e seus afluentes", retificou o rio, colocando dragas para aprofundar o leito. A exploração da areia do fundo do rio foi paralizada. A partir de 1938 os portos deixaram de funcionar e passaram a explorar areia de mina "caba", primeiro no local hoje ocupado pela rua Ramos Batista, do outro lado da av. Juscelino Kubitschek, depois tiveram que comprar chácaras, onde o terreno possibilitasse a exploração de areia; chegaram a se instalar até na Chácara Santo Antônio (Santo Amaro).
A formação do bairro
O loteamento das chácaras foi realizado pelo filho do Bibi, o Dr. Arnaldo Couto de Magalhães. Os lotes, geralmente de 10m x 50m, eram vendidos a prazo, e adquiridos principalmente por pequenos comerciantes, homens de ofício e empregados do comércio.
Oficialmente, o subdistrito do Itaim nasceu em 1934, ao ser aprovada a Lei nº 6.731 de 4 de outubro de 1934, deixando de pertencer a Pinheiros. Em 1935 foi transferido para o Jardim Paulista.
A sede da Chácara Itaim
A sede da Chácara Itaim, cuja entrada era na altura da rua Clodomiro Amazonas , ia além da rua Iguatemi, chegando até as ruas Aspásia e Sertãozinho. Foi adquirida em 1927 pelo Dr. Brasílio Marcondes Machado, que instalou ali o Sanatório Bela Vista. Em 1944 o Sanatório Bela Vista foi vendido para o Instituto Achê, que era dirigido pelos doutores Solano Pereira e Mário Yahn. Em 1977 a propriedade mudou novamente de dono, passando a ser do advogado Flávio Solano Pereira. Em 1982 a Casa Grande foi tombada, mas nunca foi restaurada. Pouco resta atualmente da sede da Chácara Itaim. No local há um estacionamento, e o terreno é alvo da especulação imobliária.
Verticalização
O saneamento e canalização do Córrego do Sapateiro, na década de 1970, deu origem a Avenida Presidente Juscelino Kubitschek, e valorizou o bairro. Esgotadas as áreas disponíveis em outros bairros, as imobiliárias voltaram-se então para o Itaim, fundamentalmente pela ausência de restrições impostas pelo loteamento
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Um jeito diferente de conhecer ou testar seus conhecimentos sobre a história do bairro: testes interativos. Não necessariamente em ordem cronológica, mas faça todos os testes e através das respostas você poderá conhecer como o bairro nasceu e cresceu.
Conheça também a história do bairro do Itaim contada por um dos seus primeiros habitantes: dona Guiomar.
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