Histórias de Dona Guiomar
escritas por Nereide S. Santa Rosa
Julho 20, 2001
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Comentários e reivindicações

Há muitos e muitos anos atrás, nos velhos tempos da minha juventude, um pequeno empório resolvia vários problemas das donas de casa. 

No empório encontrávamos de tudo um pouco...

Se precisássemos de feijão, arroz, ou qualquer outro cereal, podíamos pegar diretamente dos grandes sacos que eram colocados ao longo da loja. Usando uma espécie de concha, colocávamos o cereal em pequenos saquinhos de papel, o qual o levávamos para pesar no balcão...tudo muito simples e correto...

A balança com dois pratos tinha aqueles pesos de diferentes tamanhos que eram colocados no outro prato para conseguir equilibrar o ponteiro. Eram esses pesos, somados, que indicavam a quantidade que estava sendo pesada... e o valor que deveríamos pagar...

Esta é uma foto que mostra essa balança...eu ainda a tenho guardada com carinho desde os tempos da leiteria que minha mãe possuía na Rua Augusta no ano de 1922. 

Imaginem só! Um sistema bem rudimentar... mas nada caro...

Naquele tempo não tínhamos, absolutamente, os tantos impostos que hoje estão embutidos em cada produto nos hipermercados modernos. Afinal, tanto conforto tem um preço, evidentemente...um preço o qual não tínhamos antigamente ...Pois é, hoje pagamos Cofins, ICMS, etc, etc, etc, etc ...pagamos a sofisticação do luxo, das balanças informatizadas, das caixas computadorizadas, do ar condicionado.. Preço nada comparado aos pesos de uma balança rudimentar em um antigo balcão de madeira em um empório qualquer...

Novos tempos...novos preços ..novos compromissos...

O mais interessante é que não precisávamos comprar tantos produtos, como hoje fazemos ao adentrar ao hipermercado... Parece que, antigamente,  nos satisfazíamos com o essencial...e éramos felizes... Com produtos naturais, ainda fresquinhos que  eram facilmente encontrados...não existiam os produtos embalados a vácuo, congelados, com conservantes e mais conservantes... Nada de latas, plásticos, isopor...Podíamos comprar cereais, verduras, legumes, batatas, peixes, carnes, frangos fresquinhos...sem impostos e prazos de validade...

Pois é...fica aqui um pouco da saudade dessa qualidade de vida... mas também fica aqui a constatação que as facilidades da vida moderna tem um preço que, nós na maioria das vezes pagamos sem perceber...

Mas, mudando um pouco de assunto...tive o imenso desprazer de necessitar de um serviço público esta semana e qual não foi a minha surpresa ao constatar que no meu bairro, o Itaim-bibi, foi fechada a loja da Eletropaulo. Agora temos que nos deslocar até o bairro da Saúde para resolvermos problemas referentes a energia elétrica... exatamente agora que os problemas desse tipo não são poucos... aliás são enormes, já que  estamos assumindo e enfrentando bravamente esse racionamento irracional, pelo qual não temos  nenhuma culpa. 

Enfim, parece que uma facilidade que nós, moradores, tínhamos infelizmente foi mais uma vez para o espaço...Isso reflete uma realidade que existe em vários bairros, não só no Itaim-bibi...

É realmente lamentável não possuirmos em nossa região vários serviços comunitários essenciais. Tal como o poupa-tempo que facilita a vida de quem necessita tirar documentos pessoais, como os idosos, os trabalhadores, os jovens, enfim várias pessoas que moram no nosso bairro. Acho até  que existe uma “lenda” em torno do   Itaim-bibi...parece que por aqui as pessoas imaginam que aqui só existe comércio, escritórios ou grandes proprietários... Parece que todos esquecem que aqui existem moradores que necessitam desse tipo de serviço tal qual todos os paulistanos... sim...ainda existem moradores por aqui e também pessoas preocupadas com a comunidade...E que precisam de alguns serviços importantes como: as agencias da Eletropaulo, da Sabesp, da  Comgás, da  Telefônica, da Telesp Celular e, sem a menor sombra de dúvida, do Poupa-tempo.

Bem, está dado o recado....fica aqui o registro de quem conhece muito bem nossa cidade, há mais de oitenta anos e sabe que temos direitos que devem ser respeitados e atendidos...Seja com menos impostos nos produtos básicos de alimentação, seja no atendimento de serviços para a população. 

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