Histórias de Dona Guiomar
escritas por Nereide S. Santa Rosa
Dezembro 07, 2001 Índice das Histórias já publicadas

A Catedral da Sé de São Paulo

Reparem nestas duas fotos. Uma foi tirada em 1930, quando eu tinha doze anos de idade. A praça da Sé já era um pouco agitada, não é mesmo?

A outra foto é datada de1952. Vejam com já que existe uma certa confusão de carros e pessoas, mas o antigo relógio da praça ainda continuava lá.

A Catedral da Sé é um dos mais importantes símbolos paulistanos. O fato de estar localizada no marco zero da cidade fez com que a praça e a igreja se tornassem um dos mais carismáticos locais de nossa cidade junto com o Mosteiro de São Bento, o Teatro Municipal, a Estação da Luz. Recordo-me das dificuldades que existiram para que fosse terminada. Muito se falava nos jornais sobre a nova igreja que estava sendo erguida na antiga praça. Aliás, um local que sempre foi destinado a ser famoso. Diz a história que foi o Cacique Tibiriçá, no tempo da Vila de São Paulo de Piratininga, que escolheu o local para a igreja matriz. Mas, o Largo da Sé foi criado no século 18. Ali existiram também a Igreja de São Pedro onde depois foi construída a Caixa Econômica Federal e a própria Igreja da Sé que ficava a uns 200 metros de onde seria a nova catedral. Essas igrejas foram demolidas, pois havia interesses para que a cidade tivesse uma igreja imponente e que se destacasse na arquitetura.

O projeto, em estilo gótico, foi do arquiteto Maximiliano Hehl e a construção iniciada em 1913. O material utilizado foi o granito, o qual dizem ser um dos motivos da demora pela construção. O tamanho da igreja é de 112 metros de comprimento e 47 de largura. A construção tem vitrais italianos e capitéis, torres de 92 metros de altura, cúpula e espaço para oito mil pessoas.

Na minha juventude, muito se especulava sobre se a Catedral ficaria pronta para as comemorações do quarto centenário de São Paulo em 1954. Na verdade, ela foi inaugurada incompleta nesta data, sem as torres. Só ficou pronta em 1970. As obras foram tocadas por Alexandre Albuquerque até 1940 e, daí em diante, pelo engenheiro Anhaia Melo.
O altar-mor foi feito em mármore de Carrara e em imagens em bronze. Em sua cripta, que pode ser considerada uma verdadeira igreja subterrânea, encontram-se trabalhos artísticos do escultor Francisco Leopoldo. Nela ainda se destaca o mausoléu em bronze do cacique Tibiriçá, chefe dos índios guaianazes, que tão bem acolheu os primeiros jesuítas no planalto de Piratininga e, com seu auxílio, possibilitou a fundação da cidade de São Paulo. Também lá estão os túmulos dos bispos da diocese de São Paulo e de Diogo Antônio Feijó.

Uma das peças mais importantes da Catedral é o seu órgão. Quem já o escutou sabe da beleza de seus sons que encantam a atmosfera religiosa de quem freqüenta a igreja. O órgão da Catedral Metropolitana da Sé foi construído em 1954 pela indústria italiana Balbiani & Bossi, tem cincos teclados manuais, 329 comandos, 120 registros e 12 mil tubos, cujas bocas, de forma gótica, apresentam relevos entalhados à mão.

Nossa Catedral é uma jóia que atualmente está sendo valorizada e restaurada. Afinal, ela deve ser preservada como o coração de nossa cidade.

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